sábado, 1 de setembro de 2007

Pelvis Shaker

No início do ano, um amigo disse que precisava conversar comigo. O amigo no caso é o Calvin, dj, produtor de festas, parceiro na travessia etílica da mauro ramos de madrugada e oitentista oficial da Ilha de Santa Catarina. Pois bem, Calvin me pediu para que escrevesse o realese da festa Pelvis Shaker. Eu nunca escrevi realeses, por isso fiquei com o pé atrás. Mas como era para falar sobre a festa que semanalmente me tirava de casa, fossem quais fossem as condições, a festa que diminuiu um pouco a falta de que eu sentia de São Paulo quando voltei para Florianópolis, bem, achei que não custava tentar.

Como esse blog vive de gavetas, aqui está mais um papel mofado. Curiosamente, após a entrega do realese, a Pelvis Shaker nunca mais foi realizada. Além de tudo, o Upiara é um puta pé-frio.

Apenas falando sobre nossa geração

Inspirados pela falta de opções na noite e pela vontade de se divertir ouvindo música de qualidade, um grupo de amigos se juntou para organizar em julho de 2005 a primeira festa Pélvis Shaker. Provavelmente eles não sabiam, mas estavam dando o primeiro passo para criar nas noites de quinta-feira, em algum ponto da região central da ilha de Santa Catarina, um lugar em que os jovens poderiam tomar contato com sua contemporaneidade.

Ainda levou algum tempo para que a festa chegasse ao formato considerado definitivo, mas a idéia estava toda lá. Uma noite a preços módicos, com três ou mais djs se desdobrando entre as variações do velho e do novo rock, além de algumas pitadas de música eletrônica. O sucesso levou à continuidade da festa, que se tornou semanal e teve consagrada a escalação fixa dos djs Alê, Calvin 13, Dão e Léo.

Fora dos padrões locais, mas antenadíssimos com o que acontece nas metrópoles, os quatro djs aproveitam como nenhuma outra festa local as possibilidades geradas pelos meios de comunicação atuais para trazer para uma pista de dança de Florianópolis o que se ouve nas noites de São Paulo, Londres ou qualquer outro ponto do mundo ligado a seu tempo. Isso é parte do segredo do sucesso e da continuidade para o Dj Calvin 13, o mais experiente da trupe. "Originalidade, honestidade, proximidade com o que rola nas grandes cidades do cenário mundial da música", completa o dj.

Encharcados pelo espírito da época – mesmo que isso signifique passar boa parte da noite ouvindo antigos sucessos dos anos 80 – os freqüentadores da Pélvis Shaker comprovam semanalmente que existe diversão à parte da vidinha Cacau Menezes que predomina na Ilha. Quem nem tudo são barzinhos na Lagoa, shows de banda cover setentista em teatro, umbigos de fora ao som de um hip-hop qualquer.

São fatores que tornaram a Pélvis Shaker mais do que uma festa semanal, um ponto de encontro de gente das artes e da moda, de jornalistas e de publicitários, de músicos e de cineastas – entre outros descolados e moderninhos. Manter esse público e o espírito de frescor é o desafio para o futuro. Mas, novamente, o dj Calvin tem a receita: "trazer sempre novidades tanto no som quanto em outros quesitos, divulgar sempre, manter o padrão e a cara que a festa tem, com um público adulto, educado, inteligente e divertido", explica.

Contra a cultura comodista da Ilha e os problemas de estrutura dos locais que a abrigam, a Pélvis Shaker segue como uma das festas mais queridas pelo público alternativo de Florianópolis. Não parece vantajoso apostar contra.

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