sexta-feira, 28 de março de 2008

Pobre não tem sorte

A grande notícia não me fora anunciada pelo Pedro Bial. Foi num telefonema que fiquei sabendo ser o feliz vencedor do Big Brother, com direito a R$ 1 milhão, a fama instantânea e tudo mais. Não, eu não tinha participado do confinamento, nem ficado amigo de Rafinha, brigado com Marcelo, conversado sobre sexo anal com Natália ou mandado a Thati calar a boca. Pelo que entendi, a Globo tinha sorteado um telespectador para ganhar o mesmo prêmio do vencedor do programa, o já citado R$ 1 milhão. O anúncio da minha vitória foi junto com a apuração do vencedor do reality show, mas por algum motivo eu não estava vendo e fiquei sabendo assim, por telefone. E nem era o Bial na linha. Era muito dinheiro, juro que fiquei atordoado. Liguei pra mãe e ela estava calma. Falamos de outra coisa, não lembro o quê. Estranhei o comedimento e perguntei se ela não tinha visto o Big Brother, se não sabia que o filho estava milionário. Ela disse que viu, que estava contente. Quando desliguei o telefone, caiu a ficha de que eu tinha um milhão para gastar e a primeira coisa que foi correr para o computador. Comecei a procurar por apartamentos à venda na Vila Madalena. Quanto custariam? De repente, me veio uma vontade louca de morar em Londres, um ano que fosse, antes de voltar para São Paulo. O dinheiro daria? Comecei a ficar aflito. Quanto é um milhão? Deve ter sido mais ou menos nesse ponto que percebi que estava sonhando e que não haveria Londres, nem Vila Madalena. Desesperado, corri para a porta da Rede Globo, para me inscrever no próximo Big Brother. Quando seria? Na entrada da emissora, umas oito pessoas esperavam pelo mesmo motivo que eu. Não demorou vinte minutos para que fôssemos corridos dali, por uma funcionária mal-humorada. "Onde já se viu? Mal acabou o programa!". Dispersamos e eu percebi que não sabia onde estava. Seria São Paulo, Rio, Joinville? Procurei por um ponto de ônibus, junto com outras quatro pessoas que estavam na fila comigo. Descemos uma rua que tinha do lado direito um muro cinza que não acabava nunca. Lembrou os cemitérios de São Paulo. Ou de Joinville. A divagação foi interrompida por um tiro. Do nada, um sexto homem surgiu e atirou no quinto pelas costas. Vi a mancha de sangue na camisa rosa do sujeito, o homem com o revólver na mão e segui andando - dando a entender que não tinha nada a ver com aquilo. Quando vi que só eu continuei, acelerei o passo. Comecei a correr, o atirador gritou, mandou voltar. Continuei, enquanto ele atirava em mim. Foi mais ou menos a hora em que acordei.

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