sexta-feira, 29 de maio de 2009

Nostalgia

Sentado da rede que coloquei na sala do apartamento que alugo – finalmente – sozinho, bebendo uma Stella Artois e comendo pipoca de micro-ondas (sabor tempero kitano) e lembrando tempos universitários. A formatura tem quase cinco anos, tempo suficiente para que a gente já não tenha mais tanta certeza dos detalhes e que algumas piadas internas já não façam tanta graça ou sentido.

Resquícios daquela época ainda estão nesse laptop – o mesmo que comprei logo que comecei a trabalhar, três anos atrás. Um exemplo: o trabalho de conclusão de curso, inconcluso, exatamente como estava em agosto de 2004, quando prometi à minha banca que aquilo era apenas o aperitivo do livro bombástico que lançaria meses depois.

Existem fotos também e textos dos finados e-zines Cabron e Bronson. Fuçando, acho até alguns que ficaram inéditos. Nenhum deles meu. Tudo que eu tinha daquele tempo já reciclei aqui no blog. Mas tem um texto do Vitor de Brites que resume quase tudo que eu queria dizer nessa minha madrugada saudosista regada a pipoca, stellinha e músicas aleatórias. Vamos a ele.

A tarde em que eu acordei com saudades de todos vocês

O uísque era falso, mas as risadas, verdadeiras;
Nenhum de nós acreditava no amanhã.
Se acreditássemos, talvez não tivéssemos bebido tanto;
Nossa alma não estaria tão leve, mas em compensação,
A consciência não estaria tão pesada, a cabeça tão dolorida. Os bolsos tão vazios.

Agora somos obrigados a acreditar no dia de hoje,
Porque esse dia acaba de se abater sobre nós com o peso de 1.000 hipopótamos.
Em algum ponto obscuro do subconsciente,
Todos queríamos que o mundo acabasse às 6:15 da manhã.
Exatamente o mesmo ponto obscuro que sempre nos sugeria
Parar de jogar enquanto estávamos ganhando
E que sempre ignoramos olimpicamente.

Agora devo levantar e cumprir todas as promessas feitas,
Ou pelo menos as que eu me lembro de ter feito:
Flores para mãe de meu maior desafeto,
Amar eternamente aquela ruivinha com a cicatriz no queixo,
Aprender a dançar tango.
Assino embaixo de todas as mentiras que contei,
Só exijo em troca uma garrafa gelada de água.

Depois de tudo, gostaria de saber que confiamos e acreditamos
Mesmo no mais contumaz mentiroso dentre nós
Porque fomos todos sinceros, todos generosos,
E já que não haveria um amanhã,
Então não faria mal nenhum
Inventar um pouco e aumentar outro tanto.

Nós dividimos irmãmente o pão e a bebida
(ainda que tenhamos acabado com o pão logo que anoiteceu
e a bebida tenha acabado conosco logo que amanheceu)
E eu sinto muito a falta de todos vocês
Quando acordo essa tarde de ressaca.
Sinto muito, mesmo, essa falta de todos;
Principalmente daquela ruivinha que amo tanto,
Mas não consigo lembrar do nome.

2 de junho de 2004
(é o que diz o arquivo do Word, mas tenho minhas dúvidas)

3 comentários:

  1. Alguém pode me lembrar por quê mesmo o Vitor virou PF?

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  2. as noites regadas a uísque barato e as cantadas infames merecem ser escritas. a culpa não é minha

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  3. Vítor diz: eu entre pra polícia pra poder largar mão de saudosismo e começar a usar balas de borracha

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