quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Algo a dizer

A dez mil passos do destino largado. Procurando lembrar de coisas anotadas e uma placa com o nome da rua. Nada é muito fácil. O sol macio leva seis mil horas para me dar o que queria. Desprezo o presente. A lua me daria mais em menos tempo. E eu também recusaria.

Lembro de coisas que não existem. Rio e tropeço em algo que nunca existiu, que nunca riu. Alcanço a esquina, dobro e guardo no bolso uma moeda de um centavo que não deveria ser minha. Terei roubado o centavo? Não sei, não lembro, não faço questão...

A rua tem bares e mercearias, eu só tenho um centavo e acho que não é meu. Danem-se: eu, o centavo, os bares, mercearias, a rua, tudo.

(eu só queria dizer que não acredito mais em histórias de amor)

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Cada palavra do texto acima foi escrita em dezembro de 2000. Na época, era uma mentira eloqüente. Tropecei nele fuçando pastas antigas. Fiquei com saudade daquele Upiara, trouxe para cá. Talvez hoje faça mais sentido, inclusive.

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