É mais fácil acabar com uma tradição do que começar uma. Ou manter. Faz algum tempo que abro a tela branca com o desafio de fazer o balanço do ano que passou em textos de pouca censura, muitas lembranças e razoáveis perspectivas. O longo 2019 está terminando e eu adiei ao máximo esse encontro com o texto - pensei em não fazer, matar por inanição esta pequena tradição.
Até faria sentido, porque 2019 foi assim. Um ano de projetos inacabados, histórias pela metade, encantos que murcham, paixões que ficam no ar, expectativas que não vão além. Dói um pouco falar de 2019. Entedia um pouco falar de 2019. Mas não foi ruim, não, 2019.
Não foi ruim porque perdi completamente o medo de misturar o que sou e o que faço. Este é o Upiara que tenho para entregar - na tv, no rádio, no site, nos bares, na vida. Espero que gostem.
Não foi ruim porque eu cantei. Desavergonhadamente, cantei. Em casa, na rua, em noites de karaokê mais ou menos degradantes. Cantei para você - no teu ouvido, para fazer inesquecível uma canção.
Não foi ruim porque escrevi. Procurei em versos ruins, mas meus, jeitos de dizer o que precisava dizer. E disse.
Se pareço triste, se pareço entediado, se parece que não me importam as coisas ao redor, é tudo consequência de um ano que me pediu demais. Nem sempre consegui entregar o que ele pediu, mas tentei, como poucas vezes tentei. Continuarei tentando.
A 2020, que começa amanhã, peço que me traga tudo em dobro, como sugere a repartição do número. Estarei pronto. Se não estiver, vou disfarçar para que ninguém perceba. Saio cantando, desavergonhado. Foi o que aprendi no ano que passou.
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