quarta-feira, 18 de abril de 2007

madrugada

Tem aquele dia em que acaba todo o dinheiro e o calendário ainda marca 17, mas a pessoa pensa que não precisa se preocupar com o almoço porque sobrou do jantar, para logo descobrir que a sobra é pouca, comer e não satisfeita ir para o trabalho, onde o dia não vai render, as situações vão continuar indefinidas e ela vai enrolar até o relógio marcar 18, daquele dia 17, e ela perceber que é bom fazer alguma coisa antes que outros vejam que, afinal, não faz tanta diferença assim lá dentro, pois então faz, e quando se vê livre descobre no fundo da gaveta um tesouro perdido de moedas que podem garantir um jantar mais agradável se somadas aquela nota meio rasgada e suja que mora sozinha na carteira desde as últimas cervejas do final de semana, quando, pra variar, exagerou em quase todos os sentidos, menos nos que queria, e se sentiu limitado no exagero e começou a semana assim, com jeito de fim ainda pela metade, pelo menos do mês, e o jeito é juntar a pilha de moedas, a nota surrada e passar no supermercado para, pelo menos, garantir a coca-cola, sem antes esquecer de devolver aquele devedê do domingo, filme muito bom, posso pagar depois, não posso, como?, mas eu sempre deixo para pagar depois, bom, não tenho dinheiro agora, beleza, acerto na próxima locação porque, o dinheiro da coca-cola está empenhado, é verba carimbada, se ela desviar para um outro fim qualquer o organismo faz uma cpi durante a madrugada e cassa o mandato, assim, sem dó, mas é bom lembrar de não salgar muito o bife porque a coca-cola é 600 ml e precisa ser racionalizada, como tantas outras coisas que ela, a pessoa, não racionaliza e deveria começar a racionalizar nesse dia 18 que começa ainda com cara de 17, nessa vida de quase 25 e ainda com cara de sei lá...

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