A frase já estava formulada, ensaiada e pronta para ser jogada em um momento crucial daquela conversa em que o casal deixava de ser. Quando o momento chegou, ele não teve dúvidas.
- O problema é que eu gosto de você e você gosta do upiara que eu poderia ser.
A intenção era fazê-la sentir uma pontinha de remorso por exigir dele mais do que ele acreditava que poderia alcançar. O efeito foi contrário, pois ela riu, ficou com o rosto iluminado e disse, enfaticamente, "exato!". Era como se ele tivesse resumido tudo o que ela queria dizer e não conseguia. Foi mais ou menos assim que acabou aquele namoro e iniciou uma amizade que deve durar para sempre - apesar de ambos serem geniosos taurinos descendentes de italianos.
Mas a questão do upiara paralelo, aquele que ele poderia ser, nunca ficou de lado. Às vezes, ele se sente perseguido por esse estranho rival - que teria o raro prazer de apenas se insinuar sem nunca aparecer. Criando nos outros expectativas que no final ele - o upiara real - teria que cumprir. E nunca cumpre.
A única coisa que o conforta é que, pelo menos, ele conhece o inimigo...
ahahahahahahahahaha. autoboicote.
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