terça-feira, 11 de março de 2008

Hoje sou outro, meu amor

Deve fazer uma duas semanas que o Marquinhos Espíndola divulgou em seu blog a nota oficial sobre o fim da Pipodélica. Desde então, estou querendo escrever sobre isso aqui. Demorei tanto que até o Mário, que nem tava sabendo, fez um post antes. Alguém daquela turma que não perdia um show entre 2003 e 2005 tinha mesmo que se manifestar no calor dos acontecimentos. Justo.

Pra falar a verdade, eu andava ouvindo muito pouco a banda. Sabia onde poderia baixar as músicas do disco que ainda vai sair (apesar do fim) e sempre deixava para depois o trabalho de baixar. Duas delas, uma amiga me mandou há algum tempo e eu gostei. Com o anúncio do fim, resgatei com saudade algumas canções do disco Simetria Radial e lembrei dos motivos que me levaram a escolher Memória Multicolor para tocar na hora em que recebi o diploma.

Pipodélica tinha virado uma daquelas lembranças afetivas pouco visitadas. Como ler John Fante, como me apaixonar a cada três semanas e esquecer de avisar a moça, como escrever textos de ficção. Inclusive, lembrei há pouco que cheguei a incluir a banda numa das histórias que escrevi. Na verdade, é um texto que não consegui terminar sobre um cara que conhece uma menina especial no dia 12 de maio de 2004, no John Bull. Naquele dia, a banda Ludov, de São Paulo, tocou pela primeira (e acho que única) vez em Florianópolis – junto com a banda ilhoa e os gaúchos da Wonkavision. Não consegui terminar a história, mas resgato o trecho pipodélico aí abaixo.

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O bar já estava razoavelmente cheio e as pessoas esperavam pela Pipodélica, que seria a primeira a tocar. Renato não cansava de ouvir e de ver os shows da banda e naquela noite não seria diferente. Ele já estava pronto pra gritar “hoje sou outro, meu amor”. Mas nem todo mundo tinha tanta expectativa. Mariana, por exemplo, continuava sentada na mesa com as amigas. Não conhecia muito de nenhuma das três bandas e só saiu de casa pra ver gente, jogar conversa fora, beber e dançar. Nessa noite ela pretendia fazer tudo isso mesmo que fosse a John Bala Jones tocando. Pensando bem, não chegaria a tanto.

O início do show da Pipodélica confirmou as boas expectativas de Renato e chamou a atenção na mesa das moças. Ao som de “Tudo em preto e branco”, Mariana e suas amigas se levantam e vão pra perto do palco. Renato percebe a movimentação, olha atento para Mariana. Eles não se conhecem, mas já se viram muitas vezes. Todas as pessoas interessantes freqüentam os mesmos lugares em Florianópolis.

“A arte imita a vida e passa na tevê”, o show segue e Renato divide sua atenção entre a banda tocando e Mariana dançando em frente ao palco. Na verdade, a banda leva uma certa desvantagem, mas não é culpa deles. Mariana dançando solta daquele jeito é realmente bonito de se ver.

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A história era ruimzinha, por isso resolvi cortar o início e publicar aqui apenas esse meio sem fim. Era só para ilustrar. Pipodélica vai sempre representar para mim uma época em que a gente tinha certeza do próprio talento, do sucesso, de tudo que estaria por vir. Cinco anos depois, a banda acabou, a luz apagou, um povo sumiu. Alguns confirmaram as expectativas, outros deram guinadas inesperadas, a maioria ficou no meio termo. Como eu – que me equilibro no trabalho que mais me permite conciliar o que espero da profissão que escolhi com essa necessidade estúpida de continuar adolescente mais um pouquinho, só mais um pouquinho, mãe...

Um clipe:



Ao vivo, no estúdio:



Ao vivo, mesmo:

2 comentários:

  1. A banda representava tanto essa época que a metade da 99.1 que se formou em 2004, eu incluído, entrou na colação com Memória Multicolor. Era a música da turma mesmo. Como Los Hermanos, virou pré-requisito gostar de Pipodélica para cursar jornalismo na UFSC, naquela época. Vai fazer falta mesmo.

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  2. eu não peguei a fase áurea da pipodelica em floripa, apesar de ter entrado no curso no final de 2003. e como me acho burro ate hj por isso. o q fode nesse fim pra mim é essa falta de perspectiva de show, mesmo. juro q se rolasse um de despedida (de preferencia com o cachorro) eu me mandava de sao paulo pra ver.

    mas o disco novo ta legal pacas e eles tao com uma proposta de relançar td a discografia, incluindo os eps. oq seria uma puta noticia. compro tds - e se o simetria tiver uns quitutes a mais renovo a minha edição. :)

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