segunda-feira, 20 de abril de 2009

Zio Caê

"Zii e Zie", o novo disco do Caetano Veloso não me arrebatou como o "Cê". Ele não é um disco arrebatador. Talvez um pouco porque não haver o impacto da surpresa ("é do caetano mesmo?") do disco anterior - lançado numa época em que nem aqueles setores da crítica que tinham no baiano um alvo davam mais bola para os discos que ele lançava (ou cometia, em alguns casos).

Um pouco é isso. Mas o principal motivo para essa recepção blasé é o fato de que faltam canções como "Não me arrependo", "Odeio" e até "Rocks". Essa última por ser uma espécie de pé na porta, "olha aí, o caê exigindo rocks", que levou meio mundo - eu incluso - a ouvir as duas primeiras, as melhores da safra 2006 da música brasileira.

Estou há dois dias ouvindo direto "Zii e Zie" e ele me soa cada vez mais confortável. A impressão é de que ele não é mesmo um disco feito pra arrebatar. O próprio Caetano, no realese do disco, tenta pontuar as diferenças entre o disco novo e o anterior. Aquele teria letras mais pessoais, com uma banda recem formada. Agora, com a banda estabilizada e com letras que "olham para mais longe".

Talvez por isso, as letras citem tanto. Deixo o Caetano falar. "da favela ao Leblon, da Lapa à praia; de Chico Alvez a Los Hermanos; de anônimos típicos a celebridades atípicas, como Kassin, a combinações inusitadas de personalidades cariocas, como Guinga e Pedro Sá. Mas as letras olham para mais longe de mim também: Guantánamo, grutas do Afeganistão, Washington. Voltam os nomes próprios e o tom de comentário dos signos dos tempos que sempre fizeram presença em meu repertório."

As minhas preferidas até agora são as regravações de Incompatibilidade de Gênios e de Ingenuidade, Falso Leblon - a resenha de uma noite indie carioca, seja o que isso for -, Sem Cais e Diferentemente. Essa última, causou um certo desconforto no começo por citar Madonna, Osama Bin Laden e Condoleezza Rice em algo que era pra ser só uma canção boba, "mais uma de amor, como diz Lulu. Mas funciona e é a que está na minha cabeça enquanto escrevo isso. Talvez porque, diferentemente de Osama e Condoleezza, eu também não acredite em Deus.

Um comentário:

  1. Vai por mim: escrever sobre o Caetano Veloso é pedir pra ser ignorado...

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