Sabem o espírito do natal passado, do conto do Charles Dickens? Ela tinha se tornado algo parecido na noite da cidade. Quando aparecia, evocava imediatamente as lembranças de noites que pareciam que nunca iam acabar. Até porque elas não costumavam acabar mesmo. Não acabaram, mas ficaram em algum lugar distante e - ao mesmo tempo - presas ao corpo da garota, cada vez mais inconformada com o papel de belo retrato vivo de uma época. Dorian Grey de noites infinitas.
Como que por vingança, ela mudou de hábitos, trocou de noites. Mas volta e meia aparecia, principalmente àqueles que como eu, nunca lhe souberam dizer não. Podia ser uma inesperada aparição no balcão do bar no dia da festa que parecia ser a mais chata do mês - e que em duas músicas, três gargalhadas e bem mais que quatro doses deixava de ser. Ou então tocando o interfone no início da madrugada para fazer dela uma longa tentativa de contar todos os dramas, revelar todos os sonhos e esvaziar todas as garrafas.
Esse dom de surgir ineperadamente e mudar todos os contextos eu chamei de "borboletear". Foi isso que ela foi fazer longe daqui, cansada de ser o espírito do natal passado. Foi para onde o nome o sobrenome, dupla explosiva, signifiquem menos. Ou possam ganhar novos significados.
Para quem ficou, cresceu a dificuldade de lembrar que houve um tempo em que as noites não acabavam e que tudo era possível naquele porão que virou pista de dança, entre outros lugares semelhantes. Somada a essa dificuldade, a expectativa de que vez ou outra ela apareça no balcão para transformar a festa chata ou volte a aparecer do nada, no começo da madrugada, perguntando para quem não lhe sabia dizer não:
- Posso ir para aí? O que você tem para beber?
quem não a conhece compra.
ResponderExcluirE quem falou de compra e venda? Vai te catar, anônimo.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMesmo em "espírito", continuo causando "polêmica"!
ResponderExcluirSe tão certa fosse a opinião, no mínimo, deveria identificar-se.
Isso é básico, por isso, anônimo comerciante, não tens voz!
Estou muito bem descrita pelo meu amigo Upi!
Obrigada pelo carinho, querido!
"borboletear" a melhor definição pra quem se deixa podar e volta mais que inteira em todas as primaveras,em todas as estações...ai de quem procura essa borboletinha pelos mesmos bosques,ai de quem quisesse ter pra si como um bibelô comprado,ai de quem quisesse a inécia da borboleta!tira essa formiga de mim!!!
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