- Laerte só pode estar louco.
Foi essa a frase que lhe veio à cabeça assim que passou a
mão pelos vestidos pendurados quase em frente à entrada da loja. Lembrou-se da
entrevista em que o cartunista dizia que um dos motivos para passar a usar
roupas femininas era a variedade que o guarda-roupa do gênero oposto oferecia
na comparação com o masculino. Enquanto passava um a um os vestidos, pensou que
tarefa absurdamente complexa seria ter aquela quantidade de opções a cada
compra de roupa – ou pior, a cada escolha diária.
A ideia de perder o conforto da combinação calça, camiseta,
camisa, jaqueta que o guarda-roupa de homem proporciona chegou a fazer com que
o simples olhar para os vestidos trouxesse um quê de agonia. Era a primeira vez
que comprava um vestido. Mais que isso, porque comprar significa apenas pagar
por algo. Era a primeira vez que escolhia um vestido. A primeira vez que
precisava pensar em tamanhos, cores, formas, estilo e possibilidades de
combinação. Algo muito diferente de entrar com uma mulher numa loja similar,
esperar enquanto ela escolhe meia-dúzia deles e dizer variações de “ficou
bonito” quando ela perguntar alguma coisa.
Eram apenas ele, os vestidos e um corpo que não lhe saía da
cabeça. Quando viu, tinha nas mãos um exemplar que parecia ter o tamanho certo,
a cor certa, o estilo certo. E ser destinado ao corpo certo. Sorriu ao perceber
que a agonia não era por ter que escolher um vestido.
Era a primeira vez que dava uma roupa de presente a uma
namorada.
Nunca teve tanto medo de errar. Nem tanta vontade de acertar.
- Vou levar esse aqui.
- Ótima escolha – respondeu o vendedor.
- Vamos ver...
Agora faz um update falando sobre o gritinho que dei quando abri o pacote. hahah
ResponderExcluirTe amo e amei o vestido.
how cute! ^^
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