À maneira das cobras, trocou de pele lá pela metade dos anos
2000. Aquela cobertura inicial, tímida, ingênua, fechada em si mesma e sempre à
espera de que os outros interpretassem corretamente o que ele queria, não
funcionava mais – se é que um dia funcionou. Como se estivesse em uma gôndola
de supermercado escolheu algumas características que mais se adequavam ao que
ele queria e poderia ser.
A frase da época, como um mantra, era “as pessoas precisam
de bons defeitos”. Uma teoria que nunca desenvolveu no papel, mas que colocou em prática
em si mesmo.
Tons de deboche, pinceladas do cinismo, desapego extremo, egoísmo
praticante, gosto perdulário, entre outros bons defeitos escolhidos ajudaram a
expor qualidades que se escondiam na palavra não dita, na gentileza exagerada,
no medo da exposição e das reações. À maneira das cobras, uma pele substituiu a outra com
vantagens e a vida seguiu.
Acontece que, dia 25 de julho de 2011, ele percebe que a
pele trocada há meia década já não embala satisfatoriamente o velho conteúdo.
Existem novas necessidades, novas formas de querer e de ser. Se antes a
necessidade era adquirir meia dúzia de defeitos, agora a ordem parece ser
agregar valor, bons hábitos, qualidades.
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À maneira das cobras, mudar para continuar sendo eu mesmo.
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