Era uma casa antiga, tão antiga que pessoas paravam na frente para olhar. E é preciso dizer, desculpe qualquer coisa, parecia estar caindo aos pedaços. Eu parei na frente sabendo que você morava ali. Por algum motivo, abri o portão e entrei no quintal para amarrar os tênis. Enquanto amarrava, olhei para dentro e te vi. Logo você me viu também e veio para fora falar comigo.
Você era como sempre foi e como lembro, não fossem pequenas manchas vermelhas na cara e um rosto de quem se cansou um tanto da vida. Mas era você e o sorriso empolgado era o mesmo de quando você sorria empolgada para mim - como agora, vindo falar comigo no quintal de casa. Você queria me mostrar sua família, aquela que eu nunca conheci, e seu novo namorado. Era um homem muito mais velho, gordo, com um bigode anacrônico.
- Morde a bigodeira dele - você disse, rindo.
- Essa eu vou passar - eu disse, rindo, tentando esconder o constrangimento.
Aquela ligação de telemarketing do banco que eu rejeitei na véspera dizendo "me liguem amanhã no final da manhã" acabou me acordando em seguida e eu fiquei sem saber como esse inusitado reencontro acabava.
Fiquei num misto de saudade e tristeza, mais tristeza que saudade.
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