quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Vergonhas e janelas

Lembro que invejei de imediato aquela falta de vergonha.

Ela levantou da cama, nua, e partiu em direção à cozinha, ignorando a ampla janela aberta no meio do caminho e a possibilidade de algum vizinho vê-la. Não havia do que se envergonhar e ela sabia. Deixava isso explícito no andar firme, cabeça erguida, totalmente nua, enquanto eu, na cama, balbuciava algo sobre a janela aberta.

Acostumado que era a esconder-me de minha própria janela.


- O que você disse?
- Esquece, eu falei da janela aberta.
- Ah, eu não vi.

(escrito em fevereiro de 2013)

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