terça-feira, 1 de abril de 2008

Também quero outra coisa

Eram cinco horas de manhã de segunda-feira quando eu descobri onde anda Dulce Veiga. Poderia ter acontecido muito antes, mas retardei o encontro. Tive pena antecipada, ou talvez culpa, por deixar a história acabar. Sabia que seria assim quando peguei o livro nas mãos, li orelha, contracapa, texto de apresentação, as cartas anexadas ao final, mas evitei por um, dois, três dias a primeira linha. Imaginava o que viria pela frente.

Só entrei no texto em São Paulo, onde a história de passa. De certa forma, continuei na capital paulista o tempo todo, reconhecendo cada lugar, cada trajeto. Quando li a última frase, estava em Florianópolis, que é pra onde sempre volto de todas as minhas fugas. Fez sentido. Agora, estou aqui, em Joinville de novo - um tanto órfão, um tanto assassino.

Lembrei da primeira vez que li Pergunte ao Pó e achei que ninguém jamais escrevera como Fante e seu Arturo Bandini, que mais de uma vez me fizeram passar o ponto de ônibus para terminar um capítulo. Também me veio à cabeça Hornby e seu Rob Fleming – capaz de aliar o jeito odiável de ser com a sensação perturbadora de sempre agir do mesmo modo que eu faria em situação semelhante. Veio ainda a Paris de D.J, morto por Roberto Drummond enquanto procurava as mulheres azuis da capital francesa. D.J que me ensinou a reconhecer e amar as mulheres azuis também.

Caio F.

Obrigado por Dulce, por Márcia, Rafic, Castilhos, Patrícia, Saul, Terezinha.
Pela rua Augusta, pelas ruas de São Paulo que reconheci.
Pelo narrador que me levou até Dulce.
E me deixou com vontade de cantar.

2 comentários:

  1. fante é o cara!
    quando eu li a priemira vez, quase tive um colapso.

    fantástico.

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