quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Período pré-eleitoral

Quando ele entrou no ônibus, reconheci de cara e levei um susto. Na última vez que o vira, estava no palácio do governo. O governador reeleito assumira poucos dias antes e ainda não completara a equipe. Ele estava lá, representando o partido. Cochichava na ante-sala com outros três políticos “partido de si mesmo”, enquanto no gabinente os tubarões repartiam o governo entre si.

A colega do jornal concorrente até juntou os três para uma foto, que rendeu uma nota divertida. “Nós também ajudamos a eleger o governador”, repetiam. Com tanta convicção que por um momento esquecíamos que os candidatos daquelas siglas estranhas teriam dificuldade para se elegerem vereadores em pequenas cidades.

Mas em meio aqueles semi-anônimos, ele era um quase conhecido. Era veterano de outras eleições – governo, prefeitura. Sempre do mesmo jeito. Candidatura isolada por partido nanico, apoio ao cavalo vencedor no segundo turno, tentativa de emplacar um cargo no segundo ou terceiro escalão em janeiro.

Agora, ali no ônibus, símbolo de uma jogada que não deu certo.

Se era ele mesmo, claro.

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